quinta-feira, 22 de outubro de 2009



Dou-me a ti,
eu e os meus dias amor,
fingindo que não te quero enquanto te procuro.
Tu sabes que tenho deserto o jardim onde,
outrora,
passeavam de mãos dadas dois corações borbulhantes de desejo
saciando sonhos no cais de todas as noites,
alimentando com beijos aguçados,
pequenas e incógnitas chamas
despontando no caudal fervente da nossa carne.

Todos os dias eu dou te a ti amor,
procurando te em cada passo,
em cada esquina,
em cada rua,
fingindo que te afasto,
e que te fujo,
rindo dos amantes,
das frases tolas...
quando tudo é saudade apenas...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Rascunho

Deveras errante resumo a vida de fio a pavio,
enxagues memorias baloiçam irrequietas
na varanda oculta das coisas sem nome,
das palavras decrepitas de que ainda se vestem
sumidos bramidos de agonia...
Nunca este mar foi uma só onda
nem tão branda tempestade houve outro dia.

Estou certamente distante,
releio rascunhos,
páginas rasgadas.
Ínfimos tudos,
pequenos nadas,
revolvendo batalhas e uivos de dor,
de sabres cravados á traição...
Creio que nunca fui tão infeliz
nem tão indiferente á escuridão.