quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Nem simples nem complicado

Confundem-me quando dizem que determinada coisa é simples...
O mesmo sucede quando afirmam que determinada coisa é complicada.
Confundem-me simplesmente.
Nada é simples nem deixa de ser,logo, não creio que existam complicações mais ou menos complexas.
É como tentar resolver com uma equação um problema matemático que exige apenas uma conta de somar ou vice-versa.
Multiplicar-se-á problemas pelo tempo dispendido sem no entanto chegarmos a um resultado realmente válido.
Ou encaramos as coisas com objectividade e pomos de parte os superlativos,seguramente relativos do mais ou menos simples,ou escapar-nos-ao pequenos detalhes da maior importância e claro,do mais ou menos complicado ou surgirão inúteis e desnecessários pontos de interrogação onde já existe um a que será,indubitavelmente, mais urgente responder.

Pensem nisso...

Patrícia

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Viagem

Existem dias que não são dias.
Nem dias nem noites.
São bocado soltos de tempo em que não estou acordada nem a dormir,
em que existo minuto a minuto,
crua como uma folha de papel em branco.
Estou e não sou.
Apenas dentro do castanho dos meus olhos,
da coberta pálida da minha pele,
dos meus escravos caracóis negros
se pode sentir a dormência da minha essência retorcida
como um eremita bicho-de-conta
que não é da conta de ninguém.

Escolho,sem escolher efectivamente, a solidão
ou seja lá o que for esta vontade de estar em mim sem mim,
de costas voltadas para o que a vida desvenda e encerra
com um sentido de oportunidade notável.
Tal e qual o guarda-chuva que se esquece em dias de meteorológicas tormentas
e o que se traz teimosamente
quando as nuvens não se desfazem em rudes dilúvios lacrimais.

Existem estas invasões súbitas,
sem pedido de licença.
Ques com porquês,
porquês com para ques...
O que
Não estou.
Não sou.
Não hoje.

Já que chegaram sorrateiras,
as visitas indesejadas que se acomodem ou desacomodem.
Não estou longe nem perto de tudo e de ninguém
e demoro quase sempre muito nestas breves reticencias longas,
diz-se...
Mas há dias em que finjo morrer
para que se de enfim,
pela minha existência passiva.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Posso viver bem do sucesso e dinheiro alheio mas só consigo viver feliz vivendo com o dinheiro do meu sucesso.

Path

Esboços

Pinto pequenos esboços numa tela nua,
num quadro em branco,
desenho na azáfama da rua
a redoma inquebrável
em que me tranco.

Das mãos sempre vazias
o pincel preenche um mundo,
improvisa emoção,
um punhado de utopia
onde afundo
bem no fundo,
os destroços da frustração.

Deste quadro,sei,
não rezará a história,
nem da minha historia se dirá primavera,
se a ansiedade impera no despontar de cada cor,
no desabrochar de cada flor
e a tinta esbate sobre um portão fechado,
duas asas inúteis de um espírito esventrado
por pequenos nadas ditos fúteis.

E o labirinto da minha alma
reflecte se num imenso rabisco
no quadro dos meus lamentos,
na espiral sem alimento,
de onde me alimento e subsisto.