terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Hipocrisia dos sentidos

...E da mágoa brotaram todas as coisas belas
Nos seus olhos morriam enfim todas as lágrimas
Era outra, não outra…
Tão diferente,tão mais longe de si
Tão presente,tão perto de nós…
A alma, essa estranha, ganhara voz
De repente,
Á vida acrescentou se cor,
A cada cor um pouco mais de vida…
Estava claramente aturdida por entre beijos com sabor a paixão,
Esses abraços fantasmas vindos dos braços fortes da emoção.

Foi da mágoa que brotaram todas as coisas belas.
No crepúsculo invisível da fria noite sem estrelas
Eu vi deixares entregue á brisa, a tua solidão,
Essa má inquilina de que ninguém precisa
Sobre o tecto imenso do coração.
Eras tu, eram vós
Lá ao fundo na foz,
(Já vultos a meus olhos cegos),
De mãos entrelaçadas
Perfeitos desconhecidos
Amantes num dos pensamentos,
Cúmplices na hipocrisia dos sentidos

domingo, 23 de novembro de 2008

Falar de Amor

Quero tanto falar de amor...
Ai se falar dele eu soubesse!
Mas é dor...Não ´será isto o amor??
Ai se saber eu pudesse!

Sentir sem sentir
A dormencia que dizem causar aos sentidos
Este amor que é dor
Este amor que de dor nos deixa perdidos

Mas qualquer frase seria esboço
Sao sempre assim os sentimentos...
Iconografias verbais
Do que nos assalta os pensamentos

Mas quero..
Quero tanto falar de amor
Quero tanto falar sobre amar (te)
Se descrever o soubesse...
Se é amor o que sinto?
Ai se saber eu pudesse!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A montanha

Se para lá das montanhas que me cercam a vida emerge triunfante
Numa pressa arrepiante,
Num atropelo de sucesso e de vitória
Sentirei então a minha alma presa nas próprias raízes da minha história...
...Onde abundam fábulas, príncipes encantados, fadas madrinhas
E,a cada canto, sem qualquer encanto, madrastas velhacas e mesquinhas.

E,neste mundo de encantar,
Onde o sol se sente tão de longe,
Sustenho sempre a respiração
Quando de fronte para a montanha se me liberta a imaginação.
E sorvo lhe a vida,
Roubo lhe as cores,
Sem lágrimas ou dissabores, numa avidez desmesurada
De ter no centro do meu próprio mundo
A minha verdadeira alma revelada.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Triste canto

Sobe ao céu negro o teu canto
Em pranto, sobre ao negro céu um triste canto
E sobre um mundo adormecido
As sombras da tua sombra vão pairando
E eu, liberta da vida,
Á tua pouca vida me vou juntando.

Ao longe, um sopro, o vento
O canto de um pássaro que me assombra as esquinas do pensamento
E eu vou dançando, girando sem lamento
Já sem corpo jogado no caminho torto
Lançado ao eterno esquecimento

Esgotaram-se as palavras
Frente a frente dois olhares se tocaram
Duas bocas se beijaram sem qualquer dialogo mais
Palavras carnais...
Voaram dos nossos lábios tantas e tantas vezes mais

E, na noite
A minha sombra era a tua
E na minha alma se fundia toda a tua alma nua...

O toque a toque
O calor do toque que arrepia a pele
Num calor incendiante
Num desejo perturbante
Desse fogo que nos repele
E me desatina tão sem tento
A deixar marcado no teu corpo
O corpo do meu próprio sentimento

sábado, 4 de outubro de 2008

Engano

Esquece que te amo
Foi loucura
Aventura,
Engano
Que alimentei na candura de um momento insano
Tem pena de mim,
Não de ti
Se menti...

Atropela-me na tua fúria,
No choro da tua lamuria
Sou fraco,
Superficial,
insensato
Enquanto mato o meu tempo curto
Na estupidez de cada acto

E esquece quem procura o que em ti não vê nem sente
E que te mente e não sente
Nem o amor,
nem a dor
Nem a dor de um amor que dói
E assim, sem verdade,
nos destrói e não nos deixa viver
Enquanto eu luto para esquecer
Que esquecer-me não queres
E ainda me beijas
e desejas
e possuis
na intimidade do teu pensamento...
Por tudo isto...
Lamento!

sábado, 13 de setembro de 2008

Divagações



Acendo um cigarro.
Não é vicio,é vazio.
E passa o fumo por entre ele depois de mim.
Sinto lhe o cheiro.
Dizem que é morte prematura,

Porem
inalo,apago...
Vagueio,é chato...
Ele passou e eu passo
e respiro,
inspiro o ar insípido,
o cheiro puro da noite nebulosa,
quem me contempla a alma desnudada cujas cobertas me levou o vento destemido...

Paginas soltas...
Rascunhos...
Estou em branco,
de palavras em punho que não uso nem desuso...
Silenciosos sonhos,
Divagações mudas,
ondas sonoras difusas...

E apago,
inspiro,
expiro,
mato,
passo a passo enquanto passo,
pedaço a pedaço,
a palidez dos meus labios por bâton vermelho...
peça a peça,despeço-me...

Se morte era,
da vida não me levou a vida afinal!



quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Silêncio

O silencio não é ouro, bronze ou prata.
O silencio duvidoso mata...
E mói...
Quantas vezes o silencio nos dói?

Quando é palavra não verbalizada
Conversa urgente mas adiada
Quando é sentimento reprimido
Choro abafado e escondido
Quando nos atinge no seu grito cortante
Porem inaudivel
Na sua soberbidade invisivel...


E sim
O silencio mata e mói
É certo que o silencio doi!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Viagem ao meu mundo

Ai o meu mundo!
Este meu mundo...
Tão tristemente profundo
De uma dor absurda onde mergulho e me afundo
Este débil mundo...
Ao qual sorrio cinicamente
Na tentativa de acreditar que sou feliz
Que eu,sou mesmo eu
Que fui e sou o que sempre quis

Mas,ao sorrir,minto
Nunca o fui nem o sinto
Mas sorrio abertamente
Á felicidade que a minha alma deveras sente...
Á velha ilusao que não é de agora
Á irrealidade fatal que demora
E se demora!

Já não ando,arrasto me
Ao longo de cada dia perdido
Na vastidao de um espirito temeroso
Que á nascença foi deixado á sua sorte...
Até á morte...
Á morte...
De quem tem um segredo...
Medo..
Só medo!

Liberdade (?) I

Liberdade prisioneira
Liberdade repressora
Prisao de sentimentos
De uma vida avassaladora

Estou incompletamente livre
Parcialmente presa e limitada
Oiço o choro escondido
De uma alma despedaçada

Vida...
Uma prisão a céu aberto
Cela de experiencias e sentimentos
Sombra de uma liberdade
Que apenas possuimos em pensamento

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Sonho de um vazio real

Esta noite sonhei
Sonhei realmente
Que a suposta dor que sinto
De vazio não passa certamente!

Mas,
Quem diz que o vazio não dói,
Quem o diz não sente
Nem tão pouco sabe que,
á sua mente,
certamente mente...
Mente, porque não sabe nem sente!

Esta noite sonhei vagamente
No vago tão preenchido do subconsciente
Que a vida sem vida não é vivida
Não sem dor
Ao longo de uma estrada obstruída
Pela ausência fatal de um concreto amor
Da razão, de razoes...
De um sentido sentido em todas as emoções
Que,sempre,
No vago do infinito eu semeio e enleio
Aos sonhos que esta noite eu sonhei

Sim...
É tudo vazio...
Eu sinto...
Eu sei...
que causa ferida e por isso dói
Só não dói a quem não sente
A quem não sabe certamente
O que é certo para,quem, sabendo,sente
Que maior frustração não há
Que estar vivo e existir simplesmente!

sábado, 16 de agosto de 2008

Segredo

Deixa que a minha presença te detenha por momentos
Hoje muito para alem dos pensamentos
Esse espaço vazio, incoerente
Onde as tuas palavras cifradas
Ecoam dispersas,confusamente.
Para que saibas o quanto retenho
Desse olhar estranho
Onde entranho a estranheza do meu
Desse lugar tão vago e tão denso
Tão subtil e intenso
Onde a minha razão se perdeu

Para que saibas que definho
No silencio ensurdecedor
Na morte que chega de mansinho
Presa nas asas deste amor
Deste instinto incontrolável
Desta fantasia quase real
Que me amarra ás memórias esquecidas
Que me traz á vida uma dor brutal

domingo, 10 de agosto de 2008

Basta

Basta!
Pensar em ti não!
Que morram todos os pensamentos indesejados,
todos os sonhos em vão sonhados
Que morra toda a ilusao
Cada fantasia que crio
Cada momento de solidão

Quero a despedida urgente
Um ADEUS para sempre
Mesmo que o sempre seja um árido vazio
Estou perdida em ti á horas e horas a fio
E é muito amor...
Quero um ponto final
Sim,quero o fim...
Basta!
Se não vens ao encontro da vida que trago dentro de mim!

domingo, 27 de julho de 2008

Adeus.


Juntei as peças e desci vagarosamente aqueles degraus largos do velho edifício onde durante tantos dias a minha existência ganhava uma nova vida.
Foi assim de cada vez que eu transpunha aquela porta de cor desgasta pelo sol e,no sentido inverso ao de hoje, subia em velocidade precisamente oposta até ao ultimo andar.
Lembras-te de como davas conta da minha chegada sem o toque insistente da campainha quase muda ou do som das minhas mãos sobre a porta de madeira?
...O relógio...
...A hora marcada pela tolice da rotina inevitavel das nossas responsabilidades diárias...
Uma esquecida porta entreaberta para todos os outros, a porta aberta ao teu mundo só para mim.

Entrei,como sempre,outro sentido não faria, e esgueirei me com um silencio que julguei não estarem ao alcance das minhas sandálias de salto alto ate a varanda onde costumavas esperar pela minha chegada, onde sempre te encontrava a matar o vicio num cigarro já quase apagado.
Lá em baixo uma cidade em hora de ponta, as buzinadelas impacientes, um corropio de gente ,uma réstia de sol no horizonte...
Lembras-te de como ficávamos abraçados, indiferentes a qualquer coisa que não merecesse a nossa atenção?
E assim nós, só nos dois,um só em tempos,trocávamos um beijo demorado como se não houvesse mais amanha, como se este fosse o ultimo porem não menos especial que todos os outros...
Lembro ate mesmo do sabor que o teu beijo deixava ao sabor dos meus lábios, aquele sabor a pouco porque todos os teus beijos jamais seriam demais...

E, mergulhada neste torpor de pensamentos encostei me á parede e deixei que o meu corpo fraco deslizasse por ela ate sentir o frio daquele chão sujo de passos alheios atravessar me impiedosamente a alma ainda combalida de tantos Invernos mais.Estou tristemente habituada para manchar mais um dia de lágrimas!Em vez disso cruzo os braços e aperto os contra os meus e abraço me num abraço que espero ser reconfortante.
Espreito o relógio...
Apesar de tarde, ainda é cedo...
Aprendi a não me importar com o tempo, a não viver atrás do rasto de minutos que podem parecer horas, de horas que parecem segundos, de segundos que parecem ser a eternidade.Tenho todo o tempo mas o nosso tempo esgotou se e eu estou a esgotar me no tanto que restou dele.
Eu! Não a minha vida, nem os meus sonhos.Oiço ainda as batidas de um coração que, apesar de teu, indubitavelmente pertencer-me-á para sempre e aproveitando a rara lucidez dos últimos dias levanto me ainda meia cambaleante em direcção ao mundo do qual nunca, em circunstancia alguma eu vou deixar de ser parte.
Vislumbro ao fundo do corredor um bâton que não me pertence... Esquecidos,talvez, uns sapatos vermelhos captam a minha atenção pelo contraste sobre o longo tapete preto que tambem eu tantas vezes percorri descalça... Sinto a presença de outra presença...
Viro as costas.
Fecho a porta e num murmúrio resignado digo apenas "Adeus!"

domingo, 29 de junho de 2008

A voz da consciencia

Olha-te ao espelho...
Olha-te com olhos de ver...
Não te fixes apenas na imagem que os outros tem de ti...
Vai mais além
Espreita mais para dentro concentrando te sobretudo na procura das diferenças entre o que és hoje e o que foste naqueles dias em que vivias de braço dado com a felicidade sem esqueceres, por muito que queiras, o motivo de toda esta dor insuportavel.

Não negues as evidencias!
Não des as palavras um sentido que elas não tem na realidade
E,
Por muito que as coisas possam ser vistas de varias perspectivas
Nao penses em demasia se percebes que pouco ou nada faz sentido...
Menos ainda o sentido que procuras.

Sonhar,dizem, não tem preço.
Mas não duvides que quando perdemos a vida num sonho
Pagamos um preço demasiado alto!
Ainda estas a tempo
Porque tens todo o tempo que a vida te pode dar!
Não importa não puderes voltar atras...
De nada vale amaldiçoares o dia em que adormeceste o teu ser nas fantasias do subconsciente.

A solução é juntares naquela azafama caracteristica de um caso de vida ou morte
Todas as forças das poucas forças que ainda te restam
Para que possas,enfim,voltar a vida que deixaste do outro lado...

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Entristecem me estes dias cinzentos,
não por fora mas por dentro.
Da chuva sempre gostei!
Entristecem me as horas intermináveis,
não as vagas,sim as vazias!
Mas,se porventura elas se enchem de vida, eu canso me
E,assim, tristemente cansada não aproveito toda a vida que vem de repente pelo medo talvez ridículo, de ter medo de viver.

Já não sei se o cansaço vem da tristeza,
se a tristeza é fruto deste cansaço subtilmente interminável,
nem sei tão pouco se prefiro as vozes confusas,
os risos estridentes
ou
se quero que se mantenha o mesmo silencio perturbador de tantas e tão poucas longas noites...

Entristece me ser assim…
Ser miserável e ser feliz
Mas canso me de não saber quem sou,
Canso me bem mais de não saber de mim!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Preciso de...

Serás o meu porto de abrigo nas noites de carência e a tua imagem o lençol onde me deitarei noite após noite.
Desejo secretamente colar o meu corpo nú ao teu e sentir, na realidade que habita muito além deste sonho, o calor arrepiante que a fusão de dois seres num só imaginário já provocou nas minhas mais intimas fantasias.
Mas hoje, por força maior de uma distancia que ambos fazemos por não evitar, faço apenas de conta que a minha almofada é a tua face para que a minha possa repousar junto dela e segredar lhe ao ouvido antes de adormecer "preciso dos teus lábios" ...

domingo, 4 de maio de 2008

"Amor"


Que palavra esta?
Que sentimento este?
Tão grandiosamente pequena , tão infinitamente grande.
Amor, quem és tu?
Tu que me devoras e consolas..
Que me proteges e desamparas
Que ora ris,ora choras.

Gostaria de saber quando vens
Porque chegas sem avisar?
Sem ninguém saber...
Quem te deu,amor, tão grandioso poder?

Possuis uma liberdade traiçoeira
Uma falsa aparência de felicidade vestida
De irrealidade ilusória
De uma realidade fingida!

Amor
Filho da contradição
Parente de mil e uma sensações
Dono de sonhos
Senhor de ilusões

Tento enfim definir um sentimento
Que não tem definição
Sao breves instantes,breves momentos
Que nos tocam o coração

Pensamentos...

Por vezes paro para pensar...
E dói!
Dói constatar que tantas coisas foram em vão…
Magoa me esta solidão...
Pois dói bem mais pensar demais
Dói bem mais do que a dor de não saber pensar!
Só porque me magoa esta indefinição
De não saber calar o que me diz a consciência
E o que me atormenta o coração!

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Esta noite afundo nas mágoas as minhas memórias se as ondas desta revolta não as tiverem já levado para praias longinquas e assim,distantes,faço preces para que se mantenham!
Este inconformismo basta!
Ah vida que não vivo!
Mostra me o teu sentido afinal (se sentido possuíres)
Logo hoje que julguei conhecer os teus desígnios.
Vazio sim!
Tenebroso ilusionista de uma magia negra,de uma realidade triste!
Escuta o silencio em que a minha alma mergulhou,em que a tua pobre existência a afundou,tao lúgubre lugar ela se tornou !

Se fores tu o sol..afasta as nuvens!
Peço te apenas que dês brilho aos meus dias e que a certeza da tua existência aqueça a cada noite os meus sonhos já petrificados pela fantasia de um amor que até hoje não conheci!