quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Nem simples nem complicado

Confundem-me quando dizem que determinada coisa é simples...
O mesmo sucede quando afirmam que determinada coisa é complicada.
Confundem-me simplesmente.
Nada é simples nem deixa de ser,logo, não creio que existam complicações mais ou menos complexas.
É como tentar resolver com uma equação um problema matemático que exige apenas uma conta de somar ou vice-versa.
Multiplicar-se-á problemas pelo tempo dispendido sem no entanto chegarmos a um resultado realmente válido.
Ou encaramos as coisas com objectividade e pomos de parte os superlativos,seguramente relativos do mais ou menos simples,ou escapar-nos-ao pequenos detalhes da maior importância e claro,do mais ou menos complicado ou surgirão inúteis e desnecessários pontos de interrogação onde já existe um a que será,indubitavelmente, mais urgente responder.

Pensem nisso...

Patrícia

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Viagem

Existem dias que não são dias.
Nem dias nem noites.
São bocado soltos de tempo em que não estou acordada nem a dormir,
em que existo minuto a minuto,
crua como uma folha de papel em branco.
Estou e não sou.
Apenas dentro do castanho dos meus olhos,
da coberta pálida da minha pele,
dos meus escravos caracóis negros
se pode sentir a dormência da minha essência retorcida
como um eremita bicho-de-conta
que não é da conta de ninguém.

Escolho,sem escolher efectivamente, a solidão
ou seja lá o que for esta vontade de estar em mim sem mim,
de costas voltadas para o que a vida desvenda e encerra
com um sentido de oportunidade notável.
Tal e qual o guarda-chuva que se esquece em dias de meteorológicas tormentas
e o que se traz teimosamente
quando as nuvens não se desfazem em rudes dilúvios lacrimais.

Existem estas invasões súbitas,
sem pedido de licença.
Ques com porquês,
porquês com para ques...
O que
Não estou.
Não sou.
Não hoje.

Já que chegaram sorrateiras,
as visitas indesejadas que se acomodem ou desacomodem.
Não estou longe nem perto de tudo e de ninguém
e demoro quase sempre muito nestas breves reticencias longas,
diz-se...
Mas há dias em que finjo morrer
para que se de enfim,
pela minha existência passiva.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Posso viver bem do sucesso e dinheiro alheio mas só consigo viver feliz vivendo com o dinheiro do meu sucesso.

Path

Esboços

Pinto pequenos esboços numa tela nua,
num quadro em branco,
desenho na azáfama da rua
a redoma inquebrável
em que me tranco.

Das mãos sempre vazias
o pincel preenche um mundo,
improvisa emoção,
um punhado de utopia
onde afundo
bem no fundo,
os destroços da frustração.

Deste quadro,sei,
não rezará a história,
nem da minha historia se dirá primavera,
se a ansiedade impera no despontar de cada cor,
no desabrochar de cada flor
e a tinta esbate sobre um portão fechado,
duas asas inúteis de um espírito esventrado
por pequenos nadas ditos fúteis.

E o labirinto da minha alma
reflecte se num imenso rabisco
no quadro dos meus lamentos,
na espiral sem alimento,
de onde me alimento e subsisto.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009



Dou-me a ti,
eu e os meus dias amor,
fingindo que não te quero enquanto te procuro.
Tu sabes que tenho deserto o jardim onde,
outrora,
passeavam de mãos dadas dois corações borbulhantes de desejo
saciando sonhos no cais de todas as noites,
alimentando com beijos aguçados,
pequenas e incógnitas chamas
despontando no caudal fervente da nossa carne.

Todos os dias eu dou te a ti amor,
procurando te em cada passo,
em cada esquina,
em cada rua,
fingindo que te afasto,
e que te fujo,
rindo dos amantes,
das frases tolas...
quando tudo é saudade apenas...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Rascunho

Deveras errante resumo a vida de fio a pavio,
enxagues memorias baloiçam irrequietas
na varanda oculta das coisas sem nome,
das palavras decrepitas de que ainda se vestem
sumidos bramidos de agonia...
Nunca este mar foi uma só onda
nem tão branda tempestade houve outro dia.

Estou certamente distante,
releio rascunhos,
páginas rasgadas.
Ínfimos tudos,
pequenos nadas,
revolvendo batalhas e uivos de dor,
de sabres cravados á traição...
Creio que nunca fui tão infeliz
nem tão indiferente á escuridão.

sábado, 29 de agosto de 2009

Mysteries (Beth Gibbons)

Vida...











Fugaz a vida,este voo de pássaro migrante sem asas,
sem destino e á mercê dele.
Antíteses de um fado sem compasso,
de pautas escritas na aleatoriedade dos dias,
nas geometrias maestras do tempo e das circunstâncias.

Fugaz a terra a terra,
o oxigénio,
a matéria que somos e na qual nos transformamos
como searas ao vento guloso,
como pontos negros nos asfalto espiral da galáxia
gravitando perigosamente em volta do abismo das sensações,
das emoções,
na corda bamba,
no trapézio.

Fugaz o malabarismo,
tais voos e a vida,
as horas,
os anos,
dia a dia
século a século...!

Ah...!
mas se há vida,
se ainda há vida...VIVE!
Tudo é fugaz...
Para que pressa?
Pássaro sem asas...
VOA!
( Mesmo que não tires os pés do chão!)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

quarta-feira, 15 de julho de 2009


Mostra-me as cores do arco-íris
no voo picado de um breve beijo eterno.
Nada mais te peço que essa partida e essa chegada.
Nada mais quero que essa meta e essa viagem
e um copo de vinho a embriagar-nos os sentidos.
Dança comigo o tango improvisado,
a voluptia escarlate pulsando do meu regaço
e ensina-me os passos tontos sem latitude,
o abrupto rodopio dos corpos.

Dialogos mudos...
Nada de palavras...
Um monologo a dois
que a carne sara lenta
e o tempo está adormecido...

Quero nada mais que um minuto,
um beijo,
outro fôlego
e brincar ao faz-de-conta,
á cabra cega,
ao toque sem rumo,
ao tacto sem direcção.
Quero nada mais que vaguear na rua de um país qualquer,
provar o sol,
a acidez insípida da chuva e,
de mãos dadas,
ainda que mutilada a minha voz,
poder contar-te baixinho
sobre esta certeza de que te amo!

sábado, 11 de julho de 2009

Versos a Deus

Escrevo versos a Deus
deste inferno em que vivo
onde há crianças esquecidas
á procura de abrigo
sobre o céu estrelado
e os braços do luar
a infância perdida
na procura de um lar.
Um tecto...
Um afecto...
Ninguem pára nem repara
e a porta fecha em vez de abrir,
escrevo versos deste inferno com as lágrimas a cair!

Vejo a fome e a fartura
caminhando de mãos dadas
bocas famintas,palavras sucintas
a inanicão silenciada e
os rostos sem emoção,
clamando por piedade
numa fatia de pão.
Escrevo versos a Deus deste mundo sem coração...

Onde há balas perdidas,
mulheres violadas,
genocídios sangrentos,
vidas roubadas
no cano de uma espingarda,
na ponta de uma faca fria,
a maldade sem tréguas,
a guerra vazia
e mora ao nosso lado
a ambição desmedida
por bens materiais,
que importam as injustiças cometidas,
o sofrimento dos demais?

Escrevo lamentos sentidos
Escrevo lamentos a Deus
deste inferno inaudito
ás portas do céu...

Já não sei...

Já não sei das horas,não tenho tempo
e os relógios pendem abandonados das paredes cálidas
como folhas mortas ao vento de Outubro,
como gotas de chuva nos beirais dos meus olhos sem horizonte.

Calendários raros...
Dias incertos
condensados nas incontáveis folhas virgens
de um diário nunca antes escrito
e eu,
sem saber dos dias,
vejo partir em cada comboio o meu sonho
para parte incerta
fico deserta sem saber de mim,
imprimo ao acordes guitarra,
elegias inenarraveis do meu eterno fim

Pois já não sei do tempo
e o tempo é tão vital
Mas quem não sentiu já na vida,
a morte tão viva afinal?

Rara a tua tez rosada á luz trémula das velas,
tão rara quanto as tuas mãos impacientes
e o sussurro rouco de um velho rádio
á mesa posta do nosso amor.

Tão poucas vezes senti em ti fome de afecto,
de beijos sentidos
e os teus cinco sentidos á espreita
na esquina do teu coração fechado
fechando em meus poros desejos inconfessáveis.

Amiúde, foram sangrentas as nossas batalhas
e o sangue fresco derramado por dentro,
a guerra incessante, sem vencedor ou vencido,
a luxuria marginal,
a repressão decrepita das minhas vontades ás tuas,
por isso,
raro sei esse teu súbito desejo.

Porquê?
Porquê nómadas as tuas mãos ao meu corpo imberbe que ferve?
Porque agora, a esta hora tão tardia nas ruas sem gente e a gente vazia?

Acorrentas a teu corpo o meu coração
com a devassidão que te atinge...
Tão rara essa paixão..
Mas apressa-te,antes que a magia finde!!

Depois de ti

Á noite,
no portal da minha porta,
fico a esperar.
Gela-me o vento e nem o sinto.
Sabes...
Ainda pressinto
que voltas para me abraçar

Parece-me ouvir teus passos
Ver a sombra dos teus braços
como fazes ao despedir
E agora a noite é fria,
sopra mais a ventania,
começa a chuva a cair.

Ainda á pouco foste embora
e ja a saudade mora
no lugar que tu deixaste
E entao eu fico a cismar
e finalmente a sonhar,
sentindo que tu voltaste!


1999

domingo, 10 de maio de 2009

A woman left lonely- Janis Joplin





A woman left lonely will soon grow tired of waiting,
She’ll do crazy things, yeah, on lonely occasions.
A simple conversation for the new men now and again
Makes a touchy situation when a good face come into your head.
And when she gets lonely, she’s thinking ‘bout her man,
She knows he’s taking her for granted, yeah yeah,
Honey, she doesn’t understand, no no no no!

Well, the fevers of the night, they burn an unloved woman
Yeah, those red-hot flames try to push old love aside.
A woman left lonely, she’s the victim of her man, yes she is.
When he can’t keep up his own way, good Lord,
She’s got to do the best that she can, yeah!
A woman left lonely, Lord, that lonely girl,
Lord, Lord, Lord!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Lembro-me dos dias puros
em que a luz ludibriava os teus caracóis loiros e,
com eles,
bailava graciosamente na brisa quieta da Primavera,
aquilo que era já cheiro a mar salgado e gargalhadas soltas
á sombra do sol escaldante de Agosto.
Lembro-me dessa dança mágica
Sem tempo, sem medo, sem dor
e da candura dos teus olhos claros,
como águas cristalinas cheias de vida ainda curta
como a idade dos nossos dias.

Sei que fomos felizes ao cantarolar de mãos dadas
juras eternas á amizade,
tão óbvia e simples como as letras do alfabeto,
tão inocentes quanto a nossa visão do amor,
sempre doce como chocolate
onde a eternidade se personificava num beijo só.

Lembro me que carregávamos sonhos maiores que o sol,
enquanto brincávamos ao faz-de-conta, sentadas á porta
de um fim da tarde, depois da escola,
e de todas as pequenas coisas que nos preenchiam os dias
quando a eles se podia ainda dar esse nome.

Somos ainda crianças, eu sei!
Mas já tão mais crescidas e tão mais pequenas
Diminuídas á cadencia dos anos.
Adultos,serpenteando entre as pedras do caminho
Onde seremos sempre aquelas crianças peregrinas
Carregando sonhos maiores que o sol
agora mais pequeno que o nosso mundo
Mas, que ainda assim,
Será sempre lembrança quente nos gélidos dias de tempestade
E nos trará a memória a sentida saudade de uma outra infância...

"O homem de bem,no meio dos malvados, resvala sempre!
Nós estamos acostumados a associarmos-nos ao mais forte, a pisar quem está no chão e a julgar segundo as circunstâncias. "

Hugo Foscolo

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Velhice

Não sei como será
Nem sei se me espera
O fim da primavera
A era dos dias transbordantes de um futuro sem idade
Nem sei se virá ao meu tempo
O tempo longínquo da mocidade

Hoje vi a alma da velhice
Na palidez de corpos tortos
De seres vivos já meio mortos
Vagueantes na bruma de uma casa escura
Que cheirava a nostalgia
Da amarga vida fugidia
De uma saudade sem cura

E fitei, como se o mundo fosse invisível
Os rostos pálidos, sem expressão
As rugas de abandono,
Cravadas sem piedade
No indecoroso corpo da solidão
Que das memórias pouco resta
E os afectos são uma miragem
Carcaças humanas, história antigas
Votadas a um esquecimento selvagem

Não sei como será
Nem sei se me espera
O fim da primavera
A era da dor sem fim
Nem sei se me calhará a mim
A espera lenta pela morte
Mas a velhice,a ser assim
Não é velhice digna,
Nem é vida, nem é sorte!



sábado, 2 de maio de 2009


Por entre a nesga brumosa da manhã
Por entre os lençóis de uma cama vazia
Renasce em mim uma vontade afã
De matar com prazer a nostalgia

Dou á luxuria um corpo esquecido
E ao esquecimento um corpo cansado
Encenando um monologo sem fim
No palco vazio de mim
Sem dialogo previamente ensaiado

Bebo sofregamente cada gota de prazer
Bebendo o sabor amargo do teu suor
Desse gemido constante que me faz tremer
á poesia de um corpo que sei de cor

Torno me chama inabalável e ardente
Incendiando-me no fogo da sensualidade
Numa cama fria,amarga,vazia
Onde o corpo se rende á vontade


Onde a saudade é princesa e rainha

E eu rastejo por deliberada escravidão
De ver num cigarro apagado
A imagem de um momento imaginado
Da mais ousada e extrema paixão!

"Roads"

ohh...can t anybody see...

(...)

Storm...in the morning light
I feel
No more can I say
Frozen to myself...

(...)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Anomia

Prostrada estou
De braço ao peito
De coração desfeito
Do que do coração restou
e sangro infinitamente
uma dor dormente
Desta dor que se sente
Por sentir quem sou

Prostrada fico
Ébria,
Descalça
Consciente
Perante a compaixão falsa
Diante da maldade da gente

Se prostrada estou
de braço ao peito

de coração desfeito
Do que dele restou
É só porque me provoca agonia
A tamanha anomia
A que vida humana tornou!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Sou...

Sou fogo puro e transparente
Sombra pálida e calada
Sou menina-mulher e não sou gente
Sou brasa ardente e apagada

Sou cinza ao vento
Sou sussurro, silencio,pensamento
Sou medo,fraqueza, sou coragem
Sou um pedaço remendado de cada momento
Sou vida,deserto,sou miragem

Sou mar salgado,rio doce
Sou musica,sou palavras,sou fado
Sou sonho, realidade
Sou candura e sou pecado

Sou cinema e fotografia
Sou amizade,amor e ciúme
Sou diferente e sou banal
Sou mulher-menina e não sou gente
Sou queixume impulsivo e intemporal

E sou vida e natureza
Sou mulher de alma portuguesa
Sou muito e tanto que nem sei
Sou esta menina-mulher e gente
Sou criança que chora de contente
Fui o que fui e o que sou,serei!

Saudade

Desinquietas-me.
Não gosto!
Sossega e acalma-me,
deixa-me ser!
Não gosto dessa dor na alma,
dessa inquietude ao anoitecer

São tudo sombras cintilantes
Fantasmas dançantes tolhidos de perigos
Não gosto!
Sossega e acalma-me
Deixa-me ser alma
na aurora dos meus próprios sentidos...

E ter-te...
ter-nos,
aqui,
em mim
eu e tu na mesma realidade
Não gosto...
De sentir esta inquietude na alma,
este pedaço torturante de saudade!

segunda-feira, 30 de março de 2009

Pela eutanasia (Let the people choose!)

Perdoa-me a franqueza,
a fraqueza (?)
de te querer fim
destino comum dos homens
não esqueças tu o que resta de mim
que a dor não é branda
nem abranda...
A dor é mulher má
é esta ferida corpórea que tresanda
a toda a ferida latejante que há

Perdoa-me o arrojo
Se é este o dia em que morro
e me confesso
dizendo que há muito desejo finar
Que morrer foi o que sempre pedi
Sem demoras...
Sem definhar!

Oh dignidade
Se nascer não foi opção
Que se cumpra
a minha mais lúcida vontade
Não é vida esta realidade!
De ser só corpo mantido em vão!

quinta-feira, 26 de março de 2009

(...)

Quantas noites mais caberão no breu infinito dos meus dias curtos em que só o brilho distante de possíveis estrelas me sossegarão destas tormentas intermináveis?
Quantas vezes mais me imolarei na espiral recta das lágrimas secas até sentir o sal fraco deste mar imenso que me banha o sangue, morrer nas montanhas agrestes da tua pele?
Duas mãos já não chegam para aparar as frescas cinzas petrificadas no aforismo dos acasos que me emudecem de frustração interior como se tudo fosse bonança nos trilhos já gastos dos meus e dos teus caminhos.
Quantas vezes mais terás de morrer em mim para em mim eu me ressuscitar e sentir viva (finalmente!) e não mais repousar no teu corpo o meu corpo deserto?
Diz-me apenas quantas vezes mais o abismo do teu lugar vago deixará em mim tal saudade e em delírio ficarei eu presa no mergulho profundo desse teu olhar azul, onde tudo se resumira a poesia, choro e esquecimento...

segunda-feira, 16 de março de 2009

0

Saboreio a languidez latente dos teus olhos
e dispo a pele
que me repele os intentos
Sem lamentos me rendo,
tendo ou não tendo,
á prisão dos sentimentos.

Amparo em meus braços o desmaio dos teus
São pecados meus sem penitência possível
Mas sem lamentos me rendo
á confirmação do invisível

Ai de mim que corro e não fujo!
Ai de ti que te dás por prazer!
E no calor do meu corpo
deixas teu ávido corpo arder
no berço mágico de meu leito
do regaço do meu peito
que em teu peito quer morrer!

domingo, 15 de março de 2009

Abandono


Abandono-te
Abandono-me
Á margem pouso os despojos do tempo que ainda resta.

Perdão!
A urgência de mim a isso obriga
e sei-o ainda que não esteja
sóbria,lúcida ou consciente
mas a urgência de mim exige-me tal pressa premente.

Estou livre...
E leve...
Tudo é breve
E estou só...
Sem mim.
A exaustão abranda me desta tormenta sem fim

Afinal,
anseio,
suspensa nas imagens estáticas de outrora,
as noites sem aurora,
(ainda os meus sonhos eram crianças)
De sentir os teus dedos finos brindarem me de novo com esperanças


Pois...
Mesmo em pranto,
Ao som da chuva feroz
Mato
Morro
Ressuscito
E agora sou eu
Não tu
Só eu
Não nós!

Para ti

Adormeço relutante,
dividida entre a insónia e o sono,
entre a consciência débil e a semi-inconsciência quase profunda,
os únicos refúgios razoáveis para onde parto fugindo á frieza extrema desta pequena cama vazia.
As esparsas alegrias que me concedeste transformaram-se em pequenos e minúsculos pontos negros emergentes á indiferenciável luz da escuridão como se o rasto marcante daquela era estivesse tatuado sobre a minha pele e, o teu cheiro, as tuas cores, os teus pequenos olhos negros fossem memórias indeléveis de uma paixão que existe e tão pouco chegou a nascer.

E escrevo…
Procuro nas infindáveis páginas dos velhos dicionários as palavras procurando te a ti sobre as letras já sumidas, procurando-te aqui e ali… tão só um pouco mais perto.
E escrevo, palavras ocas, meros rascunhos que não são meus nem teus nem deste fogo imenso que me gela a memória e o calor dos beijos dos quais, talvez, só em meus lábios o toque dos teus tenha permanecido eterno.
Quiçá, sob a aspereza dos dias mudos me entendas e abraces na madrugada em que me encontro.
Quiçá a aurora dos dias longos nos desnude as miragens ou então só as minhas incontáveis fantasias que me dirigem constantemente, serenamente ao tactear exaustivo de um relógio cujas horas não mais existem desde que te “foste”.
Somente te queria falar de tudo aquilo que a meus olhos existe em ti.
Somente te queria falar dos sorrisos, dos abraços, dos pequenos momentos a quem demos vida, dos corpos alados que hoje somos e sobre os quais os cacos de um coração só derrama um imenso tanto de saudade.
Repara como falo, cheia de dúvidas incertas e como bailo ao vento das letras sem rumo, definhando na busca de comparações absurdas mas justificadas...
Repara como te abro sem reservas as portas do meu coração para que faças dele a tua casa de alicerces inabaláveis, o teu porto seguro em todas as horas de tempestade desejando devotadamente que em troca me dês apenas e só a chave que abra em ti uma casa e um porto iguais a estes que te ofereço em nome de um sentimento recíproco que, a ter fim, morra de velho num lugar chamado sempre…


Para ti...(2006)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

What if i...

What if i told you that im dreaming all the time
Dreaming about a better reality
Dreaming about a different life...
And
While im lost in my own mind
I keep on running away from the hazy mornings
From frightening nights?

That s right!
Im on my way
Laughing but in pain
That s my way
A wounded woman with some little pieces of faith
Always running away...

What if i told u that im so full of this emptiness,
Tired of deep loneliness
And theres nothing more than our secrets..
My dreams...
I keep on dreaming
That s why i told you
"Im where im not"

So..follow me through them
Come on man!
Im on my way
It s a new beginning in a warm beautiful day
Yes, that s a way
Of keeping a wounded woman
With some little pieces of faith

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Pegadas

Ficaram as pegadas grossas cravadas nos grãos de areia fina...
Eu, vim fingir que o eco dos passos trémulos podem deixar marcas nos beijos que o mar concede ás ondas, no desmaio constante de espuma branca sobre o caminho dos homens.
Restaram traços difusos como resta o orvalho das madrugadas frias , como absoluta é em nós certeza de que a noite e o amanhecer são amantes que percorrem o mundo de maos dadas.

Eu, vim fingir que este farrapo solto de caminho é um trilho vitalicio na desmemoria infinita do universo e, fiz dele um momento único que imprimi religiosamente num retrato a preto e branco onde o azul do céu, o burburinho do mar, o voo sem rumo das gaivotas e o vento que me acaricia os cabelos, ficarao gravados para sempre.
Arrepia me o sossego do nada que nada mais inócuo pode haver do que o esquecimento que não retorna ás lembranças de quem apenas o nome irá um dia permanecer na historia desta breve passagem eterna...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Vem...


Vem, não me deixes só nem que a meu lado fique o mundo inteiro.
Vem,abraçar-me na penumbra do arrependimento,
no compasso em que me embala o vento noctívago.
Eu vagueio em mim para te encontrar e em ti vagueio a procurar-me.
Vem,que a estrada que nos separa é mera estrada só
E seria fantasia se a saudade não fosse fria no seu percurso veloz.

Vem, não me deixes só ainda que a meu lado fique o mundo inteiro,
que o meu corpo arrefece no abismo dos lugares onde estão todos e não estando tu, eu ninguém vejo se não a ti.
Vem que o meu peito clama por um pedaço que é pouco
do pouco que ainda tenho junto de mim.

E é noite…e chove
E mistura se na vidraça o meu fôlego decadente
e a agua dormente de uma nuvem que morreu
E os meus olhos vagueiam sobre o mundo em busca de num minuto
ter um único segundo teu

sábado, 24 de janeiro de 2009

Liberdade (?) II


Basta-me saber que não sou livre para o desejar ser!
E fui de facto, antes de ver a luz do mundo.
Fui, antes de conhecer outras pessoas (sabe-se lá se tão revoltadas quanto eu, se tão resignadas como eu própria me vou mostrando).
Fui, antes de ser incluída na linha de montagem humana que não desrespeita o regulamento extenso e interminável...
Normas... Leis... Directivas... Procedimentos e burocracias para que nenhuma "peça" saia do ritmo desejado e caminhe na mesma forma mecânica em direcção a um fim inevitável, certo e anunciado.

Liberdade?
Basta me saber que jamais a possuirei para partir ao seu encontro!
E se eu recusar a estabilidade ilusória que domina a sociedade?
Se me libertar das correntes que me tornam escravas do sentido de dever, do bem e do mal e quebrar o muro invisível que limita a vida?
Ficarei á margem do socialmente correcto, do socialmente aceite...
Se for diferente sou incompreendida...
Se sou incompreendida sou indiferente
E ainda assim, ainda assim (!), ao julgar-me livre, de preconceitos estigmas e ignorância, não serei decerto...
Como livre nenhum de nós será jamais!

Liberdade?
Doce ilusão dos homens...
Ao menos que nos console a anarquia do pensamento!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Carta á tristeza

Julgo ser difícil que me compreendas se o meu ser a meus próprios olhos se torna incompreensível tantas e tantas vezes.
Na certeza desta incerteza do que sou só a certeza do que fui e do que não serei jamais me deixam mergulhar no céu escuro da madrugada, esta casa que abriga a legitima insanidade dos meus sonhos.
Assim, á luz fraca de um candeeiro de verga transporto a dormência dos dias para a sombra de um sol brilhante e na fronteira entre o inverno eterno e esta luz que me abraça a alma, abandono finalmente o guarda chuvas invisível. Sou apenas alguém cuja alma, de tão grande, não cabe neste metro e meio de uma existência sentidamente sem sentido ainda descoberto.
Perdoa-me a ousadia que a mim própria eu jamais perdoaria não ter. A ti talvez um dia eu te perdoe a maldade com que me cortaste as asas e me tornaste não mais que um verme rastejante aos teus caprichos. A ti talvez te toque a perturbadora incerteza constante em que vivo nas poucas horas dignas desse nome. Por agora, peço que adormeças nos teus lençóis de lágrimas e que repouses o teu corpo gélido sobre os corações arrítmicos arrancados furiosamente às tantas vitimas tão vítimas de ti quanto eu…
Acalma me e deixa me ser livre e liberta do teu colo as palavras a que a minha mão quer dar forma, corpo e cor. A tua poesia, tristeza, para mim, nao tem mais sabor e ainda que de ti venham todos estes pedaços soltos das emoções que correm lado a lado com o sangue que me leva a vida, a vida das minhas palavras não mais quer ser filha da tua maldade.
Ainda que não me compreendas, que por falta de tempo não foi concerteza, eu acendi a luz fraca do candeeiro de verga e apesar do som da chuva que lava a cara do mundo, transportei a dormência dos dias para a sombra de um sol brilhante e na fronteira entre este inverno eterno e a luz que me abraça a alma, fechei o guarda chuvas invisível e deixei te á margem da madrugada que me abriga de ti na legitima insanidade que embeleza os meus sonhos.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Dream on girl

Sonho

O sonho é a realidade que habita a nossa imaginação.
É a vida vergada á vontade humana.
É a ânsia inebriante e incessante de uma conspiração talvez frutuosa de espíritos e pensamentos num olhar cúmplice.

O sonho é a realidade que fica do lado de dentro.
As quimeras que só aos olhos da própria alma se revelam e do seu próprio descontentamento se alimentam...
E crescem...
Até morrerem no sabor amargo de uma lágrima,
Nas palavras que ficam por dizer,
Nos gestos que não têm lugar,
Na espera longa e lenta numa estrada onde amiúde não passa o autocarro da esperança
Pois só quem sonha acredita no que só pode acreditar quem tem esse dom que é o sonho,esse dom bom que é saber sonhar!

sábado, 3 de janeiro de 2009

Monotonias

Afundo a mente na monotonia impressa nos dias
Nas vidas vazias
E aqueço as mãos frias numa chávena de café
Enquanto bebo a energia da vida
N uma vida que não o é.

Sorvo-o num instante
Tenho esta mania de gente
Esta ansiedade absurda e compreensível
De consumir num segundo
Tudo o que é curto e indivisível,

Mas são monotonos estes dias
De palavras vazias com sabor a café
E eu continuo com esta mania de gente...
De querer sorver num repente
O belo acaso que a vida é!