quarta-feira, 23 de junho de 2010




Os meus pensamentos,noctívagos,atropelam a escuridão.
Não há forma alguma de conciliar o sono quando tudo o que se escuta são os ruídos destes embates tardios na mente.
Ás vezes silencio...
Outras,vozes...
Ecos de outras eras que revejo ,vezes sem conta,em câmara lenta,
querendo viver de novo,
sorrir de novo,
sentir de novo...
Há em mim a pressa de voltar a um lugar qualquer onde ainda esteja de quem eu me perdi,
para que eu possa encontrar
quem de mim se perdeu.

Enjoy the Silence

segunda-feira, 14 de junho de 2010


Encontrei-a só, quase despojada de vida.
Jazia na berma de um sincronizado e atrevido pulso que lhe invadia de sangue e tingia de rubor a palidez imaculada que sempre lhe vira estampada no rosto.
Encontrei-a ali,quase asfixiada por um corpo moribundo de cujas órbitas desabitadas,velhas tormentas expeliam um maremoto de lágrimas que,de outra forma,não teriam sabido escapar.
Éramos apenas nós sobre o negro cerrado que espreitava por entre a copa frondosa das árvores e o silencio sepulcral da selva á hora da sesta,por isso,estranhei-lhe a desordem nos cabelos num dia macambúzio e quieto,sem brisa nem vento.
Nela sempre existira uma certa vaidade...A simetria nos detalhes,o risco ao meio numa linha perfeitamente recta...Achei então por bem devolver á antiga glória os desgrenhados fios capilares que se estendiam diante das minhas mãos e,desafogadamente,ajeitei-os.
Foi quando,do fundo de um momento de azáfama tão raro,tão meu,ela se erguia desenhando nos lábios apagados o mais frívolo e volúvel sorriso,desferindo-me no ego uma colossal e ilógica exasperação que punha a nú tudo o que julgava saber de mim...

To be continued