segunda-feira, 14 de junho de 2010


Encontrei-a só, quase despojada de vida.
Jazia na berma de um sincronizado e atrevido pulso que lhe invadia de sangue e tingia de rubor a palidez imaculada que sempre lhe vira estampada no rosto.
Encontrei-a ali,quase asfixiada por um corpo moribundo de cujas órbitas desabitadas,velhas tormentas expeliam um maremoto de lágrimas que,de outra forma,não teriam sabido escapar.
Éramos apenas nós sobre o negro cerrado que espreitava por entre a copa frondosa das árvores e o silencio sepulcral da selva á hora da sesta,por isso,estranhei-lhe a desordem nos cabelos num dia macambúzio e quieto,sem brisa nem vento.
Nela sempre existira uma certa vaidade...A simetria nos detalhes,o risco ao meio numa linha perfeitamente recta...Achei então por bem devolver á antiga glória os desgrenhados fios capilares que se estendiam diante das minhas mãos e,desafogadamente,ajeitei-os.
Foi quando,do fundo de um momento de azáfama tão raro,tão meu,ela se erguia desenhando nos lábios apagados o mais frívolo e volúvel sorriso,desferindo-me no ego uma colossal e ilógica exasperação que punha a nú tudo o que julgava saber de mim...

To be continued

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