sexta-feira, 1 de janeiro de 2010


Partimos lado a lado percorrendo corredores nos vagões desgovernados das emoções,
flutuando em marés viciadas,em faustosos jardins de espinhos.
Nos ramos desnudados,um ninho alheio determinava o pulsar fantasma dos desejos
e os suspiros contidos no cofre dos segredos maiores por se ter entregue a morte
as nossas vidas.
Sem leis,
de olhos pregados ao caixão dos propósitos impostos,
fomos cumprindo todas elas,exibindo um orgulho estupidamente vital.
Tropeçámos na esperança e trocámos uma mão de ajuda na nossa queda medíocre
brindada com aplausos diabólicos na orquestra irónica das mãos da inveja e do mal,
desertas e indiferentes.
Qualquer gesto discreto na montanha russa dos nossos passos nos teria ensinado a sorrir,
a sentir de outra forma mais sábia o que não queríamos por querer tanto,
esta dádiva que nos foi vedada sem culpa ou desculpa em todos os apeadeiros,
em todos os colos e confessionários...
Sem afastamento porém,
lançando moedas da sorte esquecidas nos bolsos,
desejando de uma forma tão própria o cruzamento idílico do impossível.

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