terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Que paz

Passeio os olhos mortiços ao longo do mar salgado onde bóiam cadáveres fantasmas na espuma das ondas negras e duas gaivotas bicam,famintas,o espelho sanguinário da minha batalha
revolvendo estilhaços inertes ancorados as rochas.
Passo indiferente á névoa claustrofóbica que vigia o horizonte onde se adivinham anjos negros entoando elegias,rindo da naufraga bandeira branca amordaçada nos corais cristalinos das águas turvas.
Cega,passo a pé,sem pressa,pelos túmulos remexidos,
pelo cemitério das velhas embarcações que emergem,
imponentes,
dos grãos da areia escarlate,
como livros que contam lendas de heróis e conquistadores e,
lanço ao halo do meu tornado interno,perguntas trágicas,
indiferente ás balas que acariciam o corpo profanado da minha guerreira adormecida.
Aqui,no entanto,o vento cruel,rejeita pontos de interrogação,
qualquer resposta,
qualquer som brusco que irrompa fatalmente o sepulcral silencio da paz.
Enclausurada,vejo estender-se a meus pés a calmaria aparente e prossigo,
despojada de espírito,
sem destino,
sem uma única vaga de liberdade que me permita enfim,soltar o grito de socorro que agoniza algemado a rouquidão terminal das minhas cordas vocais contorcidas e mudas.
Paz...
QUE PAZ

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