segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Tudo é foi

Fecho os olhos por instantes.
Abro os olhos novamente.
Neste abrir e fechar de olhos
já todo o mundo é diferente.

Já outro ar me rodeia,
outros lábios o respiram,
outros 'aléns ' se tingiram
de outro sol que os incendeia.

Outras árvores se floriram,
outro vento as despenteia,
outras ondas invadiram
outros recantos de areia.

Momento,tempo esgotado,
fluidez sem transparência.
Presença,espectro da ausência,
cadáver desenterrado.

Combustão perene e fria.
Corpo que a arder arrefece.
Incandescência sombria.
Tudo é foi. Nada acontece.


António Gedeão - in Poesias Completas

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