quarta-feira, 24 de março de 2010

Divagações II

Durmo nas noites claras,nas dormentes insónias litigiosas que me desassossegam os meandros da consciência.
Estou sem paciência para ser conveniente e as beatas acumulam-se,uma a uma,nas bordas sujas de um cinzeiro roubado por nada numa casa de putas onde se vendiam,comprando,um bando de desgraçados a cheirar a perfume caro.
Afogo os pensamentos no canto de outras eras,no início de um século que findou,nas cigarrilhas,nos cabarets. Ah charme luxurioso que só meia dúzia de mulheres traz hoje impregnado na pele que a sensualidade não se adquire como se adquire meio quilo de peito ou uma peça de roupa em saldos.
Mas eu gosto de deambular pelas ruas labirínticas da vida e rir,sem culpa,do desfile caótica de tais camelos,da dança vaidosa e tortuosa dos saltos altos na calçada gasta.
Gosto de navegar á deriva neste rio sem leito e sem curso e encontra-los á beira de charcos saciando a mediocridade em caravanas zombies de onde medram superficialidades colectivas e as rugas áridas sufocam debaixo de uma camada pastosa de vergonha.
Tais embaraços que são face aos intelectos subdesenvolvidos,diante dos imperativos da vida adiados em pontos de interrogação sem retorno amotinados no consumismo a que vendem as almas sem identidade,os eus indefinidos á procura do próprio espírito nos convenientes pergaminhos ancestrais diluídos em Toras,Corões e Bíblias que Deus,Esse,tem bem mais que fazer.
Ópio legal,valha-nos isso,miragens...
Adiante que chego já a estar confusa com este aglomerado de palavras que nada disseram de útil ou que, na sua inutilidade incontestável,a quem não sabe ao que escrevo,não interessam de todo.
Críticas...
Ainda assim criei á volta do meu ocioso ser uma azáfama de papel e rascunhos amontoados na minha secretária poeirenta que as críticas,essas,também se ensaiam.

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