sexta-feira, 8 de maio de 2009

Lembro-me dos dias puros
em que a luz ludibriava os teus caracóis loiros e,
com eles,
bailava graciosamente na brisa quieta da Primavera,
aquilo que era já cheiro a mar salgado e gargalhadas soltas
á sombra do sol escaldante de Agosto.
Lembro-me dessa dança mágica
Sem tempo, sem medo, sem dor
e da candura dos teus olhos claros,
como águas cristalinas cheias de vida ainda curta
como a idade dos nossos dias.

Sei que fomos felizes ao cantarolar de mãos dadas
juras eternas á amizade,
tão óbvia e simples como as letras do alfabeto,
tão inocentes quanto a nossa visão do amor,
sempre doce como chocolate
onde a eternidade se personificava num beijo só.

Lembro me que carregávamos sonhos maiores que o sol,
enquanto brincávamos ao faz-de-conta, sentadas á porta
de um fim da tarde, depois da escola,
e de todas as pequenas coisas que nos preenchiam os dias
quando a eles se podia ainda dar esse nome.

Somos ainda crianças, eu sei!
Mas já tão mais crescidas e tão mais pequenas
Diminuídas á cadencia dos anos.
Adultos,serpenteando entre as pedras do caminho
Onde seremos sempre aquelas crianças peregrinas
Carregando sonhos maiores que o sol
agora mais pequeno que o nosso mundo
Mas, que ainda assim,
Será sempre lembrança quente nos gélidos dias de tempestade
E nos trará a memória a sentida saudade de uma outra infância...

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