Não sei como será
Nem sei se me espera
O fim da primavera
A era dos dias transbordantes de um futuro sem idade
Nem sei se virá ao meu tempo
O tempo longínquo da mocidade
Hoje vi a alma da velhice
Na palidez de corpos tortos
De seres vivos já meio mortos
Vagueantes na bruma de uma casa escura
Que cheirava a nostalgia
Da amarga vida fugidia
De uma saudade sem cura
E fitei, como se o mundo fosse invisível
Os rostos pálidos, sem expressão
As rugas de abandono,
Cravadas sem piedade
No indecoroso corpo da solidão
Que das memórias pouco resta
E os afectos são uma miragem
Carcaças humanas, história antigas
Votadas a um esquecimento selvagem
Não sei como será
Nem sei se me espera
O fim da primavera
A era da dor sem fim
Nem sei se me calhará a mim
A espera lenta pela morte
Mas a velhice,a ser assim
Não é velhice digna,
Nem é vida, nem é sorte!
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